segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Juventude e Organização Política

Lucas Soares*

A juventude brasileira faz parte do processo diário de disputa política travada dentro da sociedade e recebe grande influência da mídia todos os dias, para que aceite as imposições do sistema econômico capitalista.

Mesmo assim, milhares de jovens espalhados nas mais distintas partes do Brasil e do mundo, percebem a necessidade de derrotar esse tal de capitalismo (também chamado de Neo-Liberalismo), por discordarem profundamente das mazelas causadas por ele, como a fome, desigualdade social, deturpação dos valores humanos, desemprego, guerras etc. Mas como derrotá-lo?

Durante décadas, milhares de jovens e não tão jovens assim, tentaram modificar o sistema econômico das mais diversas formas na Europa em Maio de 1968, estudantes franceses iniciaram uma série de manifestações que tomaram conta do país. Rapidamente, os jovens conseguiram apoio de vários outros setores da sociedade. O objetivo do movimento era mudar os valores relacionados à educação, sexualidade e prazer.

O espírito de mudança francês tomou conta do continente e atravessou o Atlântico, culminando com a contracultura e o movimento hippie nos Estados Unidos. O maio de 1968 foi o símbolo. Ele representava a falta de perspectiva que eles os jovens tinham dentro do sistema capitalista, era como o se o capitalismo tivesse um limite de direitos a oferecer, quer dizer é apenas o que ele tem a oferecer. Os jovens franceses queriam liberdade plena e isso significa derrotar o capitalismo. Mas como fazê-lo?

Muitos acreditam que o jovem é "radical" por "natureza", ou mesmo de esquerda por principio, devem lembrar que a falta de experiência política e o ímpeto de que tudo é possível e especialmente a desorganização política, também pode servir aos interesses dos grupos denominados de direita.

Um exemplo disso ocorreu durante a década de 1930 na Itália, milhares de jovens foram arregimentados e organizados pelo movimento fascista no intuito de criar uma organização política, forte ao ponto de tomar o poder naquele país. Muitos desses fizeram parte da milícia armada "camisas-negras", todos eram membros do Partido Fascista Italiano liderado por Mussolini, que implantou a ditadura na Itália. Na Alemanha esse mesmo fenômeno jovem ocorreu, milhares de jovens no pós 1ª guerra em especial depois da crise financeira de 1929 ingressaram nas fileiras do partido liderado por Hitler, que possuía forte apelo ao sentimento nacionalista, anti-semitismo e era contrário aos socialistas/comunistas.

Mas como evitar que milhares de jovens continuem sofrendo as mazelas do capitalismo, ou continuem sendo usados por grupos autoritários, a resposta para tudo isso é a ORGANIZAÇÃO POLÍTICA.

O jovem, branco ou negro, mulher ou homem, necessita estar organizado/a para assim poder lutar contra qualquer forma de opressão. É necessário consolidar a nossa organização dando um caráter autêntico (típico do movimento juvenil) e também responsável, contrariando aqueles que acham que todo jovem é um ser irresponsável.

Porém o grande debate a ser travado é onde e como nos organizarmos? Acreditamos que as experiências políticas organizativas com as quais mais nos identificamos são aquelas que colocam o jovem como sujeito político e que possuem capacidade de intervenção na sociedade. Essa visão vai contra aquela que coloca os jovens como tarefeiros ou simplesmente inexperientes para assumir papel de direção ou de decisão.

Acreditamos que a juventude tem capacidade de intervenção e é um dos sujeitos que podem construir um novo amanhã. Ela existe enquanto categoria social com demandas e formas de se organizar que não necessariamente são as mesmas dos adultos, o que não a torna menos importante ou menos eficaz na luta política. Muitas vezes as formas de organizações juvenis foram reprimidas por adultos que apontavam imaturidade ou desvios na juventude. Essa visão ainda é forte na sociedade e sem dúvida precisaremos enfrentá-la no dia a dia de nossa nova organização.

Dentre as mais diferentes formas de organização política existentes, entendemos que uma das mais importantes é o PARTIDO POLÍTICO, por ser capaz de proporcionar a junção das diversas frentes de luta (mulheres, negr@s, LGBTT, sindical, estudantil, hip-hop, movimentos rurais, urbanos e populares entre outros), visando uma sociedade livre, onde todos os diversos setores possuem vez e voz, consolidando uma luta unitária.

Embora existam várias organizações partidárias, acreditamos que a melhor opção para congregar tão diversos setores seja o Partido dos Trabalhadores (PT). A referência que o PT vem construindo na juventude brasileira vem da identificação deste segmento com as propostas e com a atuação do partido, pela transformação da sociedade, pela sua história de luta, pela construção do novo, pela não conformação com o mundo em que vivemos, por medidas estruturantes e não paliativas, enfim, pelo seu caráter favorável a mudar a realidade profundamente.

Essa opção partidária nos coloca na função de construir e disputar os rumos do PT, e igualmente da sociedade e do Governo Lula. É necessário consolidar dentro do PT um campo político e uma posição: socialista, revolucionário e dirigente. Combatendo aqueles que debandaram para o campo da social-democracia ou mesmo do social-liberalismo. É tarefa de tod@ militante consolidar e expandir tais posicionamentos, pois só assim conseguiremos transformar a sociedade, rumo a construção do socialismo.


Lucas Soares é Secretário de Formação Política da JPT Maceió

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